Parte 1
Um final de tarde como tantos outros, ela seguia rumo ao seus descanso, após um dia de trabalho., ia em direção ao ponto de ônibus, afinal, ela não tinha carro e não se via com a necessidade de ter um carro, não no momento, pois morava próximo ao trabalho e o transporte público atendia as suas necessidades, Natália estava mais preocupada em concluir seus estudos e crescer profissionalmente. Ela até que gostava da caminhada que fazia até o ponto de ônibus, pois nestes momentos aproveitava para pensar na vida e observar a paisagem. Finalmente chegou ao ponto após andar suas 5 quadras diárias e para sua sorte o ônibus não demorou à chegar e ainda estava vazio, mas também já havia passado o horário do rush, já passavam das 19 horas, ela pagou sua passagem e avistou um lugar ao fundo onde poderia se sentar, mas também avistou uma pessoa que lhe chamou a atenção, uma figura vestida de calça branca, camiseta branca, tênis branco, longos cabelos escuros presos a um rabo de cavalo, um corpo esguio, um olhar distante e pensativo, no colo repousava uma mochila e um grosso livro de nutrição.
Natália ficou olhando-a por alguns segundos, mas algo nela foi abalado ela não sabia por que a figura daquela garota a abalou tanto, no entanto, enquanto Natália vagava em seus devaneios aquela figura intrigante se levantou indicando que seu ponto de parada se aproximava, neste momento, Natália que já estava sentada em seu lugar notou que aquela figura não era muito alta, na verdade, parecia ter menos de 1,60m, mas emanava uma força, uma energia que Natália podia sentir mesmo estando distante. Natália ainda teve tempo de notar uma aliança que ela exibia no dedo anular da mão direita, aquilo lhe fez pensar que talvez ela tivesse um namorado, ou pior, um noivo. Não demorou muito a garota desceu em seu destino e Natália seguiu seu caminho pensando se veria ou não novamente aquela figura.
Natália chegou em seu apartamento com a imagem daquela garota ainda em sua mente, aquele olhar distante realmente a havia envolvido e a encantara, mas ela tinha que ir cuidar das suas coisas, afinal, tinha que ir preparar o seu jantar e se debruçar sobre sua monografia de final de curso. Entre uma coisa e outra seu telefone começa a tocar, era sua mãe D. Inez que estava lhe telefonando para avisar que dali a 3 dias estaria na cidade e ficaria pelo menos um mês em seu apartamento, pois precisava fazer alguns exames e comprar algumas coisas. Natália ficou feliz com a notícia de sua mãe, pois fazia mais de um ano que ela não vinha lhe visitar, quase o mesmo período que Márcia embarcou para Londres. Ter a presença de sua mãe por um tempo seria bom, ela se dava muito bem com sua família e as vezes sentia falta de tê-los por perto. Terminou de falar com sua mãe e seguiu com seus afazeres.
Em outra parte da cidade Ana acabara de chegar em casa se perguntando por que aquela garota no ônibus a observava tanto, talvez ela fosse parecida com alguém que ela conhecia devia ser isso. Sua mãe estava na cozinha terminando de preparar o jantar, D. Márcia era uma jovem senhora, tinha acabado de completar 58 anos na semana anterior, era funcionária pública federal e em breve se aposentaria. Ana pediu a benção a sua mãe como de costume, afinal, carregava consigo uma veia nordestina, sua família era do município de Venha-Ver, uma pequena cidade do interior do Rio Grande do Norte que estava localizada a 460 km de Natal. Segundo conta a lenda a cidade teve sua origem com duas famílias, uma de judeus e a outra de holandeses, que deram origem à comunidade de Venha-Ver.
A explicação da origem do nome Venha-Ver é contada de várias formas pelos mais antigos. A mais conhecida pelos patriarcas refere-se ao namoro entre a filha de um fazendeiro e um de seus escravos. Descontente com essa amizade, o fazendeiro decidiu mandar sua filha para outra região. Ao procurar pela filha na manhã do dia de sua partida, foi informado por uma escrava que a moça estava proseando com o namorado. O fazendeiro não acreditou na conversa da escrava que não teve outra alternativa a não ser chamá-lo para comprovar pessoalmente sua informação. Venha ver, disse a escrava enfrentando o revoltado patrão.
O povoado, naturalmente, passou a se chamar Venha-Ver, e a força do seu povo tornou possível que o pequeno arruado viesse a experimentar um gradativo crescimento. Ao longo dos anos, Venha-Ver conseguiu se sobressair entre as comunidades pertencentes a São Miguel, crescendo na produção agrícola e a nível populacional.
No dia 26 de junho de 1992, por força da Lei nº 6.302, Venha-Ver alcançou sua autonomia política, desmembrando-se de São Miguel e tornando-se município do Rio Grande do Norte.
No entanto, Ana e seu irmão traziam consigo essa veia Nordestina herdada de sua mãe que era filha dessa comunidade que antes pertencia São Miguel, mas o tempo e o destino tratou de encaminhar D. Márcia para a cidade grande, mas sempre que podiam iam a Venha-Ver visitar os parentes.
Mas depois de pedir a benção a sua mãe Ana se encaminhou ao seu quarto, foi tomar um banho e depois foi tratar de realizar algumas anotações me seu projeto. Depois de uma hora sua mãe lhe chama para jantar, seu irmão Paulo também já havia chegado e foram todos se sentar à mesa para jantar, afinal, era a hora do dia que podiam se reunir para conversar um pouco e contar como foi o dia. Isso acontecia todas as noites.
D. Márcia aproveita para avisar aos filhos que teria que se ausentar por uma semana pois precisava participar de um congresso que ocorreria em Brasília na semana seguinte e por isso ficaria fora de casa por esse período. Ana e Paulo gostaram da idéia, afinal teriam a casa só para eles e toda vez que isso acontecia eles acabavam reunindo os amigos para uma pequena festa. Terminaram de jantar, Paulo foi lavar os pratos, Ana foi guardar as coisas e D. Márcia foi assistir o telejornal, afinal, os afazeres da casa sempre foram bem definidos.
Depois de mais um dia de trabalho Natália segue o seu caminho costumeiro, mas desta vez ela se perguntava se iria novamente encontrar aquela garota de olhar intrigante e para sua surpresa mais uma vez ela pega o ônibus e está a garota, mas desta vez com a mochila um pouco mais cheia que de costume e ainda carregava consigo um ipod e Natália queria muito saber qual tipo de música ela esta ouvindo, mas ainda não seria desta vez que iria descobrir isso, sendo assim, avistou um lugar vago e foi se sentar, o melhor é que tinha uma ótima visão da garota a partir daquele lugar. Alguns minutos depois o ônibus de aproxima do ponto de parada da garota e mais uma vez Natália seguiu seu rumo sem nada mais saber daquela garota que tanto gostava de observar, só carregava consigo a certeza que voltaria a vê-la mais algumas vezes e chegaria o dia que teria coragem de lhe falar algumas palavras.
Por mais três vezes teve a chance de encontrá-la no mesmo lugar, aquele ônibus, mas depois de alguns dias não mais a encontrara, provavelmente, por ter mudado um pouco seu horário de saída do trabalho. No entanto, toda vez que passava pelo ponto onde a garota descia, Natália sempre passava espiava o local com a vã esperança de vê-la. Nesses dias Natália já contava com a presença de D. Inez, o que era uma coisa boa, pois assim não se sentia sozinha.
Continua....
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